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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

TEMPORAL NO MAR - A CAPA - CORRER COM O TEMPO - FUGA CONTROLADA


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Como já escrevemos a título introdutório no artigo TEMPORAL NO MAR:


CAPA

A capa é usada para enfrentar um temporal ou para o solitário poder dormir, na ausência de piloto automático.
Podem ser usadas ou não velas e âncoras flutuantes. O barco não anda, quase não anda ou abate, deixando em certos casos que o mar lhe passe por cima, comportando-se como um objecto a flutuar com leveza num mar encapelado.

Não esquecer que numa jangada ou num barco acidentado no meio de um temporal, uma âncora de capa será preciosa para manter a proa virada ao vento.


CORRER COM O TEMPO

Com ventos fortes, não podemos avançar à bolina nem navegar de través. Aí, haverá que prosseguir rumo com o vento na alheta.


FUGA CONTROLADA

Com ventos muito fortes, ondas alterosas com rebentação ameaçadora e velocidade excessiva, o leme começa a não obedecer e o barco pode atravessar-se de través.
É o momento para fugir controladamente, travando o andamento com cabos ou âncora Danforth.




CAPA

Será de todo aconselhável que cada barco tenha uma vela de capa – vela de pequenas dimensões içada com a adriça da vela grande e com o ponto de escota fixado na retranca.
Inexistindo esta, teremos de utilizar a grande no terceiro rizo e o estai de tempo é então imprescindível.
Inexistindo este, não há desculpa...

Quando o ângulo que o barco faz com o vento é nulo, a vela grande no terceiro rizo e o estai de tempo com as escotas folgadas, as velas batem, panejam.
Se abrir um pouco o ângulo, caçando as escotas, o barco abate, não tem seguimento.
Com o estai a meio, leme a meio, buja normal, a grande caçada, o barco tem ligeiro seguimento e abate.

CAPA COM SEGUIMENTO

Vela de capa ou grande no último rizo com a retranca ao meio. Aquartelar o estai de tempo. A cana do leme amarrada a sotavento para corrigir a orçada.
O barco abate bastante lateralmente, mas mantém um ligeiro seguimento.

CAPA INERTE

Vela de capa ou grande no último rizo, ligeiramente folgada. Estai de tempo aquartelado. A cana do leme amarrada a sotavento.
O barco abate mais, mas a capa torna-se mais confortável.

CAPA EM ÁRVORE SECA

Procedimento que desaconselhamos, por poder colocar o barco de través; a menos que se utilize uma âncora pára-quedas à proa com uma amarra de 12 vezes o comprimento do barco.
Atente-se que a âncora flutuante (que deve ser lançada pela proa a um comprimento e meio da distância entre ondas, pode provocar avarias pelo esforço que produz no barco – assim é preferível o pára-quedas).




CORRER COM O TEMPO


Como já se escreveu, com ventos fortes pode ser necessário correr com o tempo para aliviar a pressão do mar sobre o barco e sobre a própria tripulação, bastas vezes esgotada, seguindo com o vento na alheta. O rumo deve ser perpendicular às vagas que são recebidas na popa.
-         Com estai de tempo – só com estai de pano reduzido, ligeiramente folgado.
-         Com estai e cachapana (vela de mau tempo) – estai de tempo e cachapana, pequena vela a envergar no lugar da grande, sem que esteja presa na retranca.
-         Em árvore seca – apenas com o vento nas obras mortas.

Quando se corre com o tempo o homem do leme deve ser um marinheiro experimentado e não estar fatigado, de modo a não sofrer perturbações na atenção que deve ser de elevado grau. Deve percepcionar atempadamente quando deve passar à fuga controlada.




FUGA CONTROLADA


Recapitulando:
Com ventos muito fortes, ondas alterosas com rebentação ameçadora e velocidade excessiva, o leme começa a não obedecer e o barco pode atravessar-se de través.
É o momento para fugir controladamente, travando o andamento com cabos ou âncora Danforth.

CABOS PELA POPA – Largar pela popa um cabo de grande bitola, com os chicotes nas alhetas. Se os cabos roçarem nos tubos do varandim de popa, envolva-os no local de atrito com fita adesiva resistente.
Quando arrastamos o cabo, as cristas das vagas aplanam evitando-se a rebentação

DROGUE – Podemos utilizar um saco de lona com o feitio de um funil rebocado a partir da popa, que faz diminuir a velocidade da embarcação.
Quando não for mais necessário é recolhido como a âncora pára-quedas, alando-o pela retenida do vértice do funil.

Nunca tente virar a embarcação com cabos, âncora ou drogue à popa.


A alteração de rumo debaixo de mau tempo obriga a que o navegador faça uma observação – se e quando possível a contagem – das ondas pequenas e das grandes. O rumo deve ser alterado antes da chegada do período de acalmia; ou seja, de tal modo que quando se tiver o mar quase por través, se esteja a iniciar o dito período.






JOSÉ MARIA ALVES
(PATRÃO DE ALTO MAR)

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